Conheça o 'Pernatur', grupo de amigas aposentadas que se reúne semanalmente para passear por pontos turísticos de Salvador

  • 03/04/2024
(Foto: Reprodução)
Cada uma das participantes tem uma idade, um perfil, preferências particulares, mas uma coisa todas têm em comum: o amor pela capital baiana, com 475 recém-completados. Conheça o Pernatur, grupo de aposentadas baianas que passeia por Salvador Uma pesquisa feita pela Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia aponta que o maior medo do idoso brasileiro é a solidão, seguido pela incapacidade de se tornar dependente de outra pessoa, sobretudo no aspecto físico. Um grupo de mulheres aposentadas de Salvador vive a terceira idade na contramão desse levantamento. Elas criaram o grupo Pernatur e se reúnem semanalmente para visitar regiões e pontos turísticos da capital baiana. 📱 NOTÍCIAS: Faça parte do canal do g1 Bahia no WhatsApp Confira a página especial do aniversário de Salvador TV Bahia transmite show de Carlinhos Brown e Larissa Luz no encerramento dos festejos pelo aniversário de Salvador O nome Pernatur mistura a palavra turismo com a expressão "bater perna", que em "baianês" significa caminhar, passear. O grupo surgiu há seis anos, contudo, elas se conheceram muito antes disso, em um coral em louvor a Santo Antonio - hoje considerado o padroeiro das "meninas", como costumam se chamar. O coral acabou, porém, elas mantiveram contato. "Sempre tive o costume de fazer passeios culturais com minha mãe. Um dia, conversando com as meninas, eu falei que toda quarta-feira estava saindo para fazer passeios com minha mãe. Algumas pessoas se interessaram, pediram para ir também. Aí foi crescendo e hoje somos 22 pessoas", contou Vânia Lúcia Rabelo, organizadora do grupo. Até hoje, a bancária aposentada é a responsável pela agenda do Pernatur, e a mãe dela, a mais velha da turma, é a musa inspiradora. Aos 96 anos, a dona de casa Amenaide Dias Rabelo dá um banho em muito jovem, e participa de quase todos os passeios com disposição - respeitando, é claro, as limitações impostas pela idade. Vania Lúcia Rabelo e a mãe, Amenaide Dias Rabelo Arquivo pessoal Cada uma das participantes tem uma idade, um perfil, preferências particulares, mas uma coisa todas têm em comum: o amor pela capital baiana. Esse é o sentimento que estimula Vânia a buscar lugares que são visitados toda quarta-feira, desde 2018 - com exceção do período da pandemia de Covid-19, quando elas criaram o "Pernazoom", para bater papo e matar a saudade em meio ao isolamento social, via aplicativo de conversação. Nascida em Beirute, capital do Líbano, Rabeb Chammas é formada em Dança pela Universidade Federal da Bahia. Radicada no Brasil há sete décadas, ela tem os passeios semanais como um verdadeiro compromisso, que mistura lazer e aprendizado. "Salvador é muito linda, e cada vez que quero conhecer mais essa cidade que eu amo. Amo as nossas igrejas, nossas praias, e quero a cada dia, conhecer um pedacinho da nossa Salvador", disse. Grupo de amigas aposentadas que se reúne semanalmente para passear por pontos turísticos de Salvador Valma Silva/g1 A bancária aposentada Tatiana Tereza Aires afirmou que passou a ver a cidade e "com outros olhos" após os passeios, que representam uma forma de "exercer a cidadania enquanto mulheres baianas e de resgatar a própria história enquanto soteropolitanas". "Estamos tomando posse do que é nosso. Vem gente do mundo todo para conhecer as maravilhas de Salvador, essa cidade belíssima, e a gente vivendo aqui muitas vezes não valoriza essa riqueza. Muitas vezes a gente [do grupo] também não sabe, mas faz questão de descobrir", declarou. Para Rabeb, entre os passeios inesquecíveis estão a visita ao Mosteiro do Salvador, em Coutos, e ao Museu Aleixo Belov, no Santo Antônio Além do Carmo. Já Tatiana citou a Caixa Cultural, na Rua Carlos Gomes, como ponto de destaque. LEIA TAMBÉM: Esquecido nos roteiros de turismo, subúrbio de Salvador tem praias, espaços culturais e de gastronomia; conheça locais Onde tem áreas verdes em Salvador? Confira 6 locais para aproveitar a natureza na cidade Organização Amigas aposentadas se reúnem semanalmente para passear por pontos turísticos de Salvador Valma Silva/g1 Para garantir uma participação massiva, não basta escolher um ponto atrativo. É preciso também pensar em logística de transporte público, garantir lugar para lanches, avaliar a infraestrutura do local (acessibilidade, banheiros limpos), afinal, quase todas são idosas aposentadas. Além disso, as saídas são sempre diurnos, por questão de segurança. Como quase todas as mulheres do mundo, elas se sentem vulneráveis e buscam se resguardar. "Felizmente, nós nunca tivemos uma única ocorrência. É a proteção de Santo Antônio, né? Se ele é nosso padroeiro, não pode nos deixar na mão", disse Vânia, em tom de brincadeira. Quase 2 igrejas e 5 terreiros por dia: Salvador completa 475 anos fincados na religiosidade Com fardas padronizadas, calçados confortáveis para "bater perna" à vontade e esbanjando alegria, as "pernanetes", como elas se apelidaram, chamam atenção por onde passam. Muita gente pede para fazer parte do grupo, o que não é permitido. "É uma decisão coletiva. Pelo grau de intimidade que já se tem, decidimos que o Pernatur não vai admitir novas participantes. Nós nos conhecemos bem, criamos um vínculo de amizade, de solidariedade, e é isso faz com que o grupo seja duradouro", explicou Vânia. Rede de apoio Grupo de amigas aposentadas que se reúne semanalmente para passear por pontos turísticos de Salvador Valma Silva/g1 Rabeb Chammas lembrou que entrou para o grupo, em definitivo, no segundo encontro. Até hoje ela recorda o passeio, um dos que mais gosta de fazer na cidade: visita aos fortes de São Diogo e Santa Maria, na região do Farol da Barra. "De lá para cá, nunca mais parei. A gente passeia, vai ao teatro, a gente se diverte. Tem reuniões, festinhas nas nossas casas e realmente é um grupo unido na alegria e na tristeza", afirmou. Para Rabeb, a participação ativa no grupo, os vínculos afetivos fortalecidos e os conhecimentos adquiridos a cada saída são fundamentais para viver uma terceira idade alegre e ativa. "A gente sabe que muitas mulheres, nessa fase, são tomadas por depressão, por ansiedade, porque deixam de trabalhar fora ou porque os filhos vão embora. Eu só tenho uma filha que mora em São Paulo. Se eu não tivesse essa união nossa, eu não seria tão feliz. Só tenho que agradecer por ter amigas maravilhosas, que são de confiança para sair, compartilhar os problemas,". Grupo de amigas aposentadas que se reúne semanalmente para passear por pontos turísticos de Salvador Valma Silva/g1 Outro fator positivo mencionado por Tatiana é o fato de que elas estão "no mesmo patamar" geracional. "Temos o mesmo receio da solidão, enfrentamos a síndrome do ninho vazio quando os filhos se vão. Temos as mesmas queixas de saúde, de mobilidade, as mesmas dores, então a gente se ajuda e se entende". Síndrome do ninho vazio: o impacto da saída dos filhos de casa na vida dos pais Para ela, os encontros semanais são "um aconchego para a alma, em um tempo onde as pessoas só se veem pelas redes sociais". "Você não abraça mais ninguém. Você não vê mais ninguém no olho, vê tudo pela lente de um celular. Esse abraço é muito importante para a gente, ainda mais que é todo mundo de outra época, com outros costumes. A gente se afaga. Esse grupo é a família que a gente formou por escolha. Estamos na terceira idade, mas a vida continua e ainda tem muita coisa ainda para nos mostrar. E que bom viver essa fase em Salvador, que nos encanta e tem tanto a nos ensinar". Veja mais notícias do estado no g1 Bahia Assista aos vídeos do g1 e TV Bahia 💻

FONTE: https://g1.globo.com/ba/bahia/aniversariodesalvador/noticia/2024/04/03/conheca-o-pernatur-grupo-de-amigas-aposentadas-que-se-reune-semanalmente-para-passear-por-pontos-turisticos-de-salvador.ghtml


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