Polícia e bombeiros fazem buscas em galpão onde trabalhavam jovens desaparecidos; famílias acusam empresário de sequestro
08/11/2024
Paulo Daniel e Matusalém foram vistos pela última vez na segunda-feira (4). Inicialmente, eles eram procurados nos arredores do ferro-velho, que seguia fechado desde o início da semana. Policiais e bombeiros tiveram acesso ao local na tarde desta sexta-feira (8). Polícia e bombeiros entram em galpão onde jovens desaparecidos trabalhavam na Bahia
Policiais civis e bombeiros militares que procuram pelos jovens que desapareceram em Salvador fazem buscas no galpão do ferro-velho onde os dois trabalhavam como diaristas, na tarde desta sexta-feira (8), quatro dias após o desaparecimento.
Paulo Daniel Pereira Gentil do Nascimento, de 24 anos, e Matusalém Silva Muniz, de 25, foram vistos pela última vez na segunda-feira (4), após saírem de casa para ir para o local, que fica no bairro de Pirajá. Familiares dos dois acusam o patrão deles, Marcelo Batista da Silva, de sequestro .
A suspeita foi levantada porque, de acordo com a mãe de Paulo Daniel, Marineide Pereira, dias antes do desaparecimento, os rapazes teriam sido acusados pelo empresário de roubar um gerador.
No entanto, o empresário nega o crime. Marcelo diz que viu os jovens em um outro furto, na segunda-feira, mas deixou os dois livres, porque planejava pegar a dupla em flagrante com policiais no dia seguinte. Porém, eles não voltaram mais.
Policiais e bombeiros entraram em ferro-velho onde jovens desaparecidos em Salvador
Foto: Alexandre Falcão
A Polícia Civil (PC) não detalhou se essa hipótese é investigada, e diz apenas que procura por Paulo Daniel e Matusalém. Apesar disso, os agentes conseguiram acessar o interior do estabelecimento somente mediante mandado judicial, para dar continuidade ao trabalho com cães farejadores, que foram iniciadas na quinta-feira (7).
Além da vistoria no galpão, um mandado de busca e apreensão também foi cumprido no apartamento de luxo do empresário, localizado no bairro de Pituaçu. No entanto, detalhes da ação não foram divulgados.
Até a última atualização desta reportagem, ainda não tinham sido identificados sinais do paradeiro de Paulo Daniel e Matusalém.
Carro incendiado
Dono de ferro velho em Salvador onde jovens desaparecidos trabalham comenta caso
O carro do dono da empresa de materiais recicláveis foi incendiado na madrugada desta sexta-feira. O Corpo de Bombeiros Militar da Bahia (CBM-BA) foi acionado por volta das 3h50 e encontrou o veículo de Marcelo, na frente da empresa, em chamas. Ainda não há informações sobre o que pode ter causado o fogo.
Em entrevista para o Bahia Meio Dia, programa da TV Bahia, Marcelo Batista deu detalhes dos supostos furtos que ocorreram na empresa. O empresário diz que teve 5 toneladas de fardo de alumínio furtados nos últimos dois meses e que conseguiu recuperar 500 quilos no domingo (3), após seguir o caminhão usado no crime.
Segundo ele, na segunda-feira, enquanto registrava ocorrência policial contra um terceiro funcionário, que não teve o nome divulgado, Paulo Daniel e Matusalém foram flagrados em outro furto à empresa.
Marcelo, dono do ferro velho onde jovens desaparecidos trabalham, detalha versão dele
Marcelo Batista informou que planejava ligar para a polícia, para fazer um flagrante no dia seguinte e recuperar a carga roubada. No entanto, os jovens não apareceram para trabalhar e nunca mais entraram em contato.
"Eu liberei os dois, meu funcionário e o encarregado estão como testemunhas. Ele [Paulo Daniel] saiu falando pelo celular, é só rastrear o aparelho e ver o percurso que ele fez, que vai constatar que ele saiu da minha empresa", alegou.
Marcelo informou que as câmeras de segurança da empresa foram quebrados pelos próprios funcionários há mais de dois meses.
"Não eram ladrões de fora que faziam os furtos, eram os próprios funcionários", disse, acrescentando que as imagens poderiam servir para mostrá-los cometendo os furtos, caso os equipamentos estivessem funcionando.
Famílias procuram por Paulo Daniel e Matuzalém, parentes suspeitam de dono do ferro-velho
Desaparecimento dos jovens
Em entrevista ao Bahia Meio Dia, a mãe de Paulo Daniel, Marineide Pereira, fez um apelo emocionado.
"Estou há quatro dias sem notícias do meu filho, sem saber se está vivo ou morto. Só quero saber o que está acontecendo. Nesse instante desabei, porque escutei um depoimento de um ex-funcionário de lá [da empresa], que falou que era torturado. Só quero meu filho, vivo ou morto", desabafou.
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Jovens desapareceram após saírem para trabalhar em Salvador
Reprodução/TV Bahia
Marineide assegura que Paulo Daniel não tem envolvimento com a criminalidade. "Meu filho não é ladrão, vagabundo, marginal. Eu não sou mãe de tapar o olho, se ele fosse errado, tinha que pagar pela Justiça, mas não é o caso".
Ela prestou depoimento no Departamento de Proteção à Pessoa (DPP) na quinta-feira (7), e solicitou que o dono da empresa disponibilize imagens da câmera de segurança do local.
"Ninguém consegue sair com um gerador embaixo da blusa ou dentro das calças", pontuou, acrescentando que os registros podem ajudar nas investigações.
Marineide Pereira fez apelo para encontrar filho
Reprodução/TV Bahia
Aflição de familiares
Segundo a família de Paulo Daniel, os parentes não foram autorizados a entrar no terreno da empresa para procurar pelos rapazes. Eles buscam informações no local desde o início da semana.
"Dizem que dispararam tiros contra eles e até o momento a gente não tem retorno, não sabe para onde foram levados. Até hoje estamos aqui sentados, esperando o retorno da polícia", disse Fernanda Santos , tia de Paulo.
Na tarde da quinta-feira, bombeiros militares fizeram buscas na região, com a ajuda de cães farejadores. Eles percorreram cerca de 150 metros, entre o restaurante onde as vítimas almoçavam e o estabelecimento.
"É um caso inesperado. Um menino suando, trabalhando, na correria e, de repente, a gente recebe uma notícia dessas. Está todo mundo abalado, sem saber o que pensar e esperando uma reposta da polícia", comentou o padrasto de Paulo Daniel, Joselino dos Santos.
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Foto: Reprodução/TV Bahia
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